Se o Brasil é segundo país do mundo com mais infecções e mortes causadas pela covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos, o País tem outro dado mais alarmante quando o assunto é a morte de gestantes e puérperas por coronavírus. Em cada dez grávidas e mães no período pós-parto que morreram de covid-19 em todo o mundo, oito eram brasileiras.
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Essa foi uma das constatações de um estudo realizado por enfermeiras e obstetras brasileiras de quatro universidades – Unesp, UFSCAR, IMIP e UFSC – e publicado pelo aclamado International Journal of Gynecology and Obstetrics. As pesquisadoras se basearam em dados públicos disponibilizados pelo Ministério da Saúde relativos às internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causadas pelo novo coronavírus.
Segundo o paper, 978 mulheres grávidas e puérperas no Brasil receberam esse diagnóstico entre os dias 26 de fevereiro e 18 de junho. No período, 124 delas morreram no País pela covid-19, representando uma taxa de mortalidade de 12,7%. Além disso, o número confirmado em território brasileiro é de três a quatro vezes superior aos casos de mortes maternas relatados em todo o mundo no mesmo período.
A pesquisa que estuda as mortes de gestantes e puérperas por coronavírus ainda faz uma ressalva: “Como apenas as mulheres que apresentam sintomas graves são testadas, o número de infecções por covid-19 nessa população é subnotificado”.
“A maioria desses óbitos aconteceu no puerpério, ou seja, até 42 dias depois do nascimento do bebê, e houve uma associação importante com três comorbidades: obesidade, doença cardiovascular e diabetes. Só que o sistema não diferencia hipertensão de pré-eclâmpsia (doença específica da gravidez que causa hipertensão arterial durante a gestação), não diz se a mulher já era ou não cardiopata. Mas, mesmo assim, muitas mulheres saudáveis morreram”, afirmou Melania Amorim, uma das profissionais de saúde responsáveis pelo estudo. Veja a entrevista completa de pesquisadora na coluna de Rita Lisauskas, publicada no Estadão.